Câmara de VG afasta Murilo e Zaeli

Júlio Cruz

Prefeito de Várzea Grande deverá ficar 180 dias afastado; em seu lugar assume o presidente da Câmara, que se mantém no cargo por força de liminar

Vereadores aprovaram na sessão de ontem à noite o afastamento do prefeito Murilo Domingos

ANA ROSA FAGUNDES

Da Reportagem Postado por: Sargento Conceição

Os vereadores de Várzea Grande aprovaram ontem, por unanimidade, o afastamento do prefeito Murilo Domingos (PR) e do vice Tião da Zaeli (PR) por até 180 dias. Nesse período, o presidente da Câmara, vereador João Madureira (PSC), assume o comando da prefeitura. O município enfrenta uma crise administrativa sem precedentes. As contas do prefeito foram reprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), além de o prefeito responder a uma série de ações por improbidade administrativa.

A saída de Murilo e Zaeli foi julgada necessária pelos vereadores para que uma comissão processante, presidida pela vereadora Isabela Guimarães (DEM), apure as diversas denúncias que pesam sobre o prefeito e preparem um relatório que pode pedir ou não sua cassação.

A sessão foi tumultuada, com corredores e galerias da Câmara lotados. Além disso, um grupo de pessoas fazia “batucada” do lado de fora, tendo, inclusive, fogos de artifício.

O afastamento vai ocorrer logo que o requerimento aprovado na sessão de ontem for publicado no Diário Oficial do Estado. A partir daí os dois serão notificados da decisão. Madureira acredita que em menos de uma semana já esteja no comando do Executivo.

Um fato que chama atenção é que Madureira, que assumirá interinamente o Paço Couto Magalhães, está com o mandato cassado pela Justiça Eleitoral e só se mantém no cargo por força de liminar. Ele foi condenado porque contratou para seu gabinete um preso que cumpria pena em regime fechado. O vereador recorreu da decisão.

Murilo está afastado da prefeitura em virtude de uma licença médica, com previsão de volta na semana que vem. No entanto, ontem, diante da ameaça de uma CPI e afastamento temporário, o prefeito passou o dia tentando demover os vereadores da medida. Foi em vão! Dos 13 vereadores, oito são da oposição e cinco fazem parte da base governista. No entanto, o requerimento foi aprovado por unanimidade.

O vereador Antonio Cardoso, do mesmo partido do prefeito, disse que a situação estava insustentável e que o Legislativo precisava dar uma resposta à população. “A gente andava na rua e ouvia que a Câmara não tinha coragem de fazer nada. Era o nosso trabalho que estava em jogo também. Não vou dizer que estou feliz, mas era uma coisa necessária”, disse o parlamentar.

Na manhã de ontem Murilo esteve na Câmara numa reunião a portas fechadas com os parlamentares. Cardoso conta que foi pedido a Murilo que ele tomasse uma providência até as seis da tarde para que o afastamento não fosse aprovado e a Comissão, instalada. “Ele teria que anunciar até as seis horas a troca de secretários, demissão de funcionários-fantasmas e outras atitudes enérgicas de um administrador. Mas não se manifestou”, disse Cardoso.

Na sessão de ontem os vereadores também rejeitaram a prestação de contas das prefeituras, que também já foi reprovada o ano passado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). Segundo o secretário de Comunicação, Paulo Sá, uma nota oficial será emitida hoje. O prefeito e o vice não retornaram às ligações telefônicas.