sexta-feira, 11 de março de 2011

Novos presos, crime antigo

Polícia deflagra operação em MT para prender acusados de grilar áreas no Nortão para exploração ilegal de madeira

GERALDO TAVARES
RENÊ DIÓZ
Da Reportagem

A Polícia Civil prendeu 15 pessoas na manhã de ontem, durante a Operação São Thomé, deflagrada em nove cidades do Estado contra um esquema de grilagem de terras e falsificação de documentos que “esquentavam” a extração ilegal de madeira. Além dos principais articuladores da quadrilha, entre os presos estão uma ex-servidora e um servidor da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) - já preso numa operação de 2007 -, um tabelião de Peixoto de Azevedo (691 Km de Cuiabá), um advogado e um engenheiro florestal (ver quadro).
A ação da quadrilha começou com a invasão, em 2007, dos 2.422 hectares da fazenda Moreira em União do Sul (719 Km). De acordo com o titular da Delegacia de Meio Ambiente, Carlos Fernando Cunha, a área era antes devoluta e tinha passado para as mãos do posseiro Henrique Beneck, já falecido. Após a invasão por parte de Antonio Paulo de Oliveira, o “Pachola”, a família de Beneck não reivindicou as terras, o que facilitou a grilagem.
Logo, foram confeccionados documentos falsos para regularização da área junto ao Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat), papéis que em seguida permitiram aprovação, junto à Sema, de licença ambiental e projeto de exploração florestal da área.
Embora a madeira da fazenda já tivesse sido toda explorada pelo antigo posseiro, os papéis do projeto de exploração florestal serviram como créditos, que a quadrilha passou a negociar com madeireiras interessadas em esquentar volumes retirados de áreas proibidas ou sem licença. O delegado Cunha estima que mais de 20 mil metros cúbicos de madeira tenham sido negociados por meio desses créditos falsos, que possibilitaram a emissão de guias de transporte das toras como se fossem regulares. Pelo menos R$ 3 milhões teriam sido negociados.
O esquema foi interceptado pela polícia há nove meses. Na ocasião, a quadrilha estava tentando invadir uma outra fazenda, a Arara, de propriedade de Moacir Marcos Blaese. O dono acionou a Polícia Federal (PF) após identificar que a fazenda estava sendo objeto de um projeto de exploração florestal fraudado. A PF repassou as informações à delegacia civil de Sinop, a qual iniciou as investigações junto com a Dema, em Cuiabá. Há indícios de que uma terceira fazenda nos arredores da primeira estaria também no alvo da quadrilha.
Com as investigações, a polícia conseguiu mandados de prisão temporária (cinco dias) para 18 pessoas. Três continuam foragidas: Rodrigo Lara Moreira, João Batista da Silva e Idevan Fernandes Savi (o Brito). Com as prisões e as apreensões realizadas, agora a polícia pretende interrogar os presos, oferecendo até o benefício da delação premiada, para prosseguir nas investigações – verificando inclusive quais madeireiras se beneficiaram do esquema criminoso, apontado como corriqueiro no Estado pelo delegado responsável pelas investigações.

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