Prefeitos assassinados

Escrito por Diário de Cuiabá com redação Água Boa News

Dom, 07 de Agosto de 2011 19:06

Drogas e latrocínios lideram o macabro ranking dos crimes contra a vida em Mato Grosso. Os assassinatos a mando ou pistolagem acontecem, mas em escala bem menor. O tráfico mata em acertos de conta, disputa por espaço, quem atravessa seu caminho e até mesmo para intimidar comunidades. O roubo seguido de morte em alguns casos é praticado por usuários de cocaína e outras substâncias, mas também é perpetrado por bandidos quando reconhecidos por suas vítimas e até mesmo para exibicionismo perante seus comparsas. Mesmo com baixo índice de registro a pistolagem é a principal linha de investigação nos recentes assassinatos de dois prefeitos mato-grossenses. Antônio Luiz César de Castro, o Luizão, de Nova Canaã do Norte, foi executado na sexta-feira (5) num clube de hipismo em sua cidade. Valdenir Antonio da Silva, o ‘Quatro Olho’, de Novo Santo Antônio, tombou crivado de balas em sua casa, na noite de 23 de julho deste ano. A polícia não tem pistas concretas dos atiradores e desconhece os autores intelectuais dos dois crimes. Tanto em Novo Santo Antônio quanto em Nova Canaã do Norte pessoas ligadas aos prefeitos executados revelam que nenhum deles tinha inimigos e que não eram envolvidos com o mundo do crime. Esse conteúdo da conduta de Luizão e Quatro Olho facilita o trabalho policial porque reduz as vertentes a serem investigadas... Somente com a conclusão dos inquéritos será possível descobrir o que se esconde por trás dos dois crimes. Porém, a Polícia Civil não deve descartar motivação política ou politiqueira para esses assassinatos. Mato Grosso tem recente histórico de violência com motivação política contra prefeitos. Em 10 de outubro de 2005 o prefeito de Porto Estrela, Flávio Faria, foi executado na varanda da sede de sua fazenda sem que o criminoso levasse qualquer objeto ou dinheiro. Em 12 de novembro do ano passado, agentes da Delegacia de Polícia de Rio Branco prenderam em flagrante pistoleiros e um agenciador que faziam acerto financeiro para assassinar a prefeita de Lambari D’Oeste, Maria Manea. O assasssinato de Flávio Faria permanece sem elucidação, mas na cidade se fala em motivação politiqueira para o crime. Maria Manea, segundo a Polícia Civil, seria executada por disputa do poder no município; na campanha eleitoral de 2004, o candidato a prefeito de Lambari, Luiz Carlos Alves da Cruz, o Luiz Preto, marido de Maria Manea, foi assassinado e a Justiça não tem resposta para o caso. Infelizmente em algumas circunstâncias, quando se fala em poder municipal essa expressão não se resume à titularidade do cargo de prefeito: na penumbra ela se traduz em esquemas de colarinho branco que envolvem políticos, empresários, lobistas e outras figuras. Os recentes assassinatos de prefeitos em Mato Grosso exibe investigação aprofundada e inclusive com a participação da Polícia Federal. Os dois casos aconteceram em cidades com índice de homicídios praticamente zero. Pode ser mera coincidência, mas coincidência é base muito superficial para guiar condução de inquéritos nessas circunstâncias. Coincidência é base muito superficial para guiar condução de inquéritos