Escrito por Diário de Cuiabá | |
Seg, 19 de Dezembro de 2011 15:37 | |
Januário Tseredzaro Rurió, o líder xavante que preside a Associação Xavante Wará, no Vale do Araguaia, está à frente dos bloqueios das rodovias federais 070 e 158, naquela região. O protesto é contra Dnit, Ibama e Funai. Sua fundamentação é a falta de segurança para os indígenas, que estariam sendo vítimas de acidentes nas duas estradas. Fotos: Max Weber / Água Boa News A causa indígena tem a simpatia nacional. As etnias que vivem nas aldeias são respeitadas pelo poder público, que mantém suas áreas invioláveis e, além disso, gozam de alguns benefícios comuns à sociedade envolvente e até mesmo exclusivos. Nas estatísticas dos acidentes nas estradas em Mato Grosso praticamente não há registros de vítimas indígenas. O fato mais grave aconteceu na BR-163, nas proximidades de Nova Mutum, com uma van que transportava caiapós numa viagem de regresso de Brasília. O índio, por sua essência, é cauteloso. Para ele, o carro numa rodovia é perigo à vista. Portanto, é praticamente zero a possibilidade de atropelamento nas rodovias em terras indígenas. A construção de alambrados nas duas margens é totalmente descartada por técnicos, para não impedir o vaivém dos animais silvestres – estes sim, passíveis de atropelamentos apesar das placas de alerta aos motoristas... Em nota sobre os bloqueios, Januário Tseredzaro Rurió também destaca em tom acusador que antigas lideranças indígenas receberam dinheiro para abertura e pavimentação das duas rodovias, o que não é verdade. Ambas foram construídas e asfaltadas bem antes da legalização das reservas em suas margens. Há mais de 40 anos a 070 cruza a reserva Sangradouro/Volta Grande, que foi registrada na Secretaria do Patrimônio da União (SPU) em 5 de janeiro de 1988, quando o asfalto estava liberado ao tráfego há alguns anos; e Merure (SPU em 6 de novembro de 1987). A 158 pavimentada há 20 anos cruza Areões (SPU em 30 de outubro de 1997); e Pimentel Barbosa, (SPU em 27 de outubro de 1987). Marãiwatsede (SPU em 8 de setembro de 1999) se situa numa região ainda sem pavimentação. Portanto, improcede a ‘invasão’ das reservas pelas estradas. O único questionamento seria quanto a Marãiwatsede, já que a 158 não é pavimentada em sua região. Porém, para evitar atritos o Dnit retirou o leito da rodovia daquela reserva criando o Contorno Leste, que aumentará para 190 km a distância entre Ribeirão Cascalheira e Estrela do Araguaia, que é de 117 km pelo traçado original da rodovia federal. O indígena é merecedor de todo o respeito. Mas, nem por isso, o Brasil deve se curvar a protestos infundados como é o caso dos bloqueios das duas rodovias no Vale do Araguaia. O Brasil precisa manter sua unidade territorial. Entre alguns pontos de sua imensidão há reservas indígenas que são intocáveis, mas que nem por isso podem se transformar em muros para a criação de guetos da nacionalidade. É preciso abrir caminho ao direito de ir e vir no Vale do Araguaia sem prejuízo aos que vivem dentro e fora das aldeias. É preciso abrir caminho ao direito de ir e vir no Vale do Araguaia Comentários (0) |
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
Bloqueios no Araguaia
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