SAÍDA

Alencar Soares deixa hoje TCE

Conselheiro já teria comunicado a decisão ao presidente do órgão. O objetivo é a disputa da prefeitura de Barra do Garças em outubro

Marcos Bergamasco/TCE

Decisão do conselheiro passou por período conturbado devido a uma matéria que o acusou de comercializar a vaga no tribunal

KAMILA ARRUDA

Da Reportagem

O conselheiro Alencar Soares Filho deve anunciar oficialmente sua saída do Tribunal de Contas do Estado (TCE) nesta quinta-feira (3). A assessoria de imprensa do órgão informou que ele já comunicou sua posição ao presidente José Carlos Novelli durante uma reunião realizada na manhã de ontem (2). Desta forma, ele deve apresentar seu pedido de aposentadoria, bem como se despedir do órgão durante a sessão de hoje (4). 

A intenção do conselheiro é se lançar candidato a prefeito de Barra do Garças, município em que se projetou politicamente. Para tanto, ele vem afunilando diálogo com o secretário-geral do PSD, deputado José Riva, há alguns meses, já que precisa se filiar a um partido até o dia 7 de junho, quatro meses antes das eleições. 

O PSD faz parte do grupo político de Alencar em Barra, por isso foi o escolhido por ele. Antes de assumir o cargo de conselheiro, ele exerceu a função de deputado estadual pelo Partido Progressista (PP), por dois mandatos, em 1996 e 2002, quando renunciou para assumir a vaga no TCE. 

Acontece que o PSD já possui um pré-candidato no município, o empresário Roberto Farias, o ‘Beto’. Desta forma, Riva o aconselhou a buscar um entendimento com Beto, para viabilizar sua candidatura na cidade. “Nosso apoio é para o Roberto, por isso pedimos para o Alencar costurar sua candidatura lá em Barra, conversando com ele [Beto] para resolverem a situação”. 

O empresário afirma que o conselheiro já o procurou e manifestou seu interesse em disputar as eleições pelo PSD. Entretanto, isso só deve acontecer caso Beto não consiga reverter sua situação perante o Supremo Tribunal Federal (STF). 

O pré-candidato foi condenado no ano passado por abuso de poder econômico, devido a uma entrevista concedida a uma emissora de televisão local, durante período eleitoral de 2010, quando se elegeu suplente de deputado federal. Desta forma, o Tribunal Regional Eleitoral determinou sua inelegibilidade por três anos. 

No entanto, o social-democrata já entrou com recurso no Supremo para reverter à medida e, agora, aguarda que o mesmo seja julgado. “Estou inelegível, mas não fui enquadrado como ficha suja. Entrei com recurso à época, mas ainda não foi julgado, por isso entrei recentemente com um agravo de instrumento pedindo efeito suspensivo a liminar que me tornou inelegível”. 

Segundo ele, a resposta para esta medida judicial sai em, no máximo, 15 dias. “Meus advogados informaram que têm diversos casos parecidos com o meu e conseguiram liminar favorável. Então, estou confiante em conseguir esta liminar e poder sair como candidato, pois estou bem nas pesquisas e também estou trabalhando para isso. Mas caso eu não consiga remover este obstáculo, o conselheiro Alencar já colocou seu nome à disposição do partido para disputar a prefeitura em meu lugar”. 

O conselheiro, por sua vez, não quis falar com a imprensa, mas afirmou que hoje (3) fará um pronunciamento sobre o assunto. Ele já disputou, sem sucesso, duas eleições para prefeito em Barra do Garças. A primeira no ano de 1992, quando não conseguiu alcançar Wilmar Peres nas urnas, e a segunda em 1996, quando foi derrotado por Wanderlei Farias. 

Suposta venda - Alencar oficializará sua saída do tribunal em meio a polêmicas envolvendo uma suposta negociação quanto à sua vaga no órgão. O caso até culminou na exoneração do secretário-extraordinário da Copa do Mundo, Eder de Moraes. 

Tudo isso por conta de uma reportagem, publicada em um jornal semanal do Estado, que acusava Alencar de ter vendido sua vaga como membro do TCE por R$ 12 milhões para beneficiar o deputado estadual Sérgio Ricardo (PR). Segundo o periódico, o conselheiro já havia recebido cerca de R$ 3 milhões do montante total. 

A notícia teria sido “plantada” pelo ex-secretário, que também demonstrava interesse em ocupar a vaga de Alencar. No entanto, tanto o ex-secretário quanto o conselheiro negam as acusações. 

Vale ressaltar que a escolha do novo conselheiro é feita por meio de indicação da mesa diretora da Assembleia Legislativa, já que a vaga pertence à Casa. Atualmente, Sérgio é o mais cotado para assumir o cargo, mas ainda não há nada certo. 

Após a indicação, a pessoa terá que passar por uma sabatina no Legislativo, além de esperar o aval do governador Silval Barbosa (PMDB), para ser nomeado. De acordo com o TCE, não há um período fixado para que este procedimento seja feito.