terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Após retirar seus bens, prefeito defende resistência em Suiá Missú


Da Reportagem local - Lucas Bólico e Renê Dióz - enviados especiais a Estrela do Araguaia
Foto: José Medeiros/ Olhar Direto
Prefeito Filemon Limoeiro retirou seus bens, mas defende resistência de moradores
Prefeito Filemon Limoeiro retirou seus bens, mas defende resistência de moradores
O prefeito de São Félix do Araguaia, Filemon Limoeiro (PSD), admitiu nesta terça-feira (11) que já retirou todo o rebanho que criava em sua fazenda localizada dentro da gleba Suiá Missú, a qual desde o dia anterior sofre processo de desintrusão de todos os ocupantes não-índios para ser devolvida à população xavante.

O prefeito, no entanto, defende a legitimidade da ação dos moradores que na tarde de ontem travaram um duro confronto contra as forças policiais envolvidas na operação. Filemon admite que a reação é perigosa, mas vê uma repercussão positiva no ato. “Um cidadão que não defende a propriedade dele não é digno”, sentencia.

“A repercussão foi boa pra nós e pra mídia que dizia que o povo estava armado para enfrentar e confirmou que ninguém estava armado. Foi bom até porque ficou comprovado que o povo aqui não é pistoleiro. Ficou comprovado que quem usou as armas foi o outro lado”.

Detentor de gado e carneiro dentro de 250 hectares, o prefeito tem sido uma das figuras mais proeminentes a representar os produtores rurais de Suiá Missú na tentativa de assegurar a permanência sobre os 165 mil hectares de terras demarcadas como reserva xavante Maraiwatsede na década de 90, entre os municípios de São Félix do Araguaia, Bom Jesus do Araguaia e Alto Boa Vista. Por força de decisão judicial determinando a desocupação das terras para serem devolvidas ao povo xavante no nordeste mato-grossense, Filemon declarou já ter providenciado a retirada de seu patrimônio.

Diferente da população mais humilde e majoritária da gleba, que tanto se vê em dificuldades para providenciar mudança e frete da criação pouco numerosa quanto anuncia resistência até o último minuto frente à ação das forças policiais responsáveis por fazer cumprir o que determinou a Justiça – como Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Força Nacional de Segurança.

“Consegui tirar tudo. O prejuízo é muito grande, é incalculável, até o prejuízo moral e emocional das pessoas”, lamenta.

Em fim de mandato, Filemon informou que poucas horas após o confronto entre moradores e policiais conversou com governador Silval Barbosa (PMDB) por telefone, bem como com o secretário-chefe da Casa Civil, José Lacerda (PMDB) e com o presidente da Assembleia Legislativa (AL) de Mato Grosso, deputado José Riva (PSD).

A única novidade fruto dessas conversações são reuniões agendadas para tratar do assunto de Suiá Missú com urgência. A expectativa corrente entre as pessoas em Posto da Mata é por uma novidade vinda de Brasília até a próxima quinta-feira (11), algo que reverta a ordem de desintrusão ou que proporcione alternativas, como um destino para a população humilde que não tem para onde ir após a desintrusão.

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