quinta-feira, 2 de junho de 2011

Metade da Câmara atrás das grades

Cinco vereadores do segundo município mais pobre do Estado foram presos porque cobravam propina de R$ 500 por mês ao prefeito


O município de Alto Paraguai é um dos mais pobres do Estado
FERNANDO DUARTE
Da Reportagem

Metade dos vereadores da Câmara de Alto Paraguai (218 quilômetros de Cuiabá) foi presa ontem pela Polícia Civil na operação Alcaide. Os parlamentares são acusados de extorquir o prefeito Adair José Alves Moreira (PMDB) em R$ 2,5 mil por mês, R$ 500 para cada vereador, para não afastá-lo do cargo. Também foi detido em Cuiabá o ex-prefeito do município, Alcenor Alves. Alto Paraguai é o segundo município mais pobre de Mato Grosso - o primeiro é Porto Estrela.
Além do ex-prefeito, foram presos o presidente da Câmara Jason Alves de Souza (irmão do Alcenor Alves) e os vereadores Gilbert de Souza Lima - relator da última comissão processante que afastou Moreira -, Milton de Campos Luz, Aluísio Carvalho Júnior e Valdecy de Almeida Chagas.
Os vereadores foram “acordados” na madrugada de ontem por agentes da Polícia Civil. A investigação começou após o prefeito denunciar ao Ministério Público Estadual os sucessivos pedidos de propina, inicialmente para aprovação de projetos e, depois, para não retirá-lo do cargo. O MPE, então, buscou o apoio da Delegacia Fazendária.
Com base em gravações autorizadas pela Justiça, os policiais verificaram que cinco dos nove vereadores participavam do esquema. A extorsão foi iniciada em fevereiro deste ano. No dia 25 do mês seguinte, o gestor sofreu o primeiro afastamento, mas, ao recorrer na Justiça, conseguiu o cargo novamente.
No entanto, no dia 25 de abril foi votado o segundo afastamento, o que, segundo o prefeito, deixou a situação insustentável. “Tinha ouvido falar que no dia 10 agora [de junho] iam me afastar pela terceira vez”.
O delegado Wilson Leite, titular da Regional de Diamantino (responsável por Alto Paraguai), informou que o presidente da Câmara, Jason Alves, também foi investigado por apresentar notas fiscais irregulares de um posto de combustível. Ele disse ainda que foram cumpridos mandados de busca e apreensão na Câmara.
“Este é o segundo município mais pobre de Mato Grosso e eles não fazem nada para mudar isso. Não propunham projeto para mudar essa realidade. Dois dos cinco vereadores que foram presos na operação estavam no terceiro mandato”, disse o prefeito, sobre Gilbert de Souza e Aluísio Carvalho.
Após o anúncio do segundo afastamento do prefeito, em maio, Gilbert havia conversado com a reportagem sobre a decisão da comissão processante.
Ele informou que a retirada do cargo se baseou em 35 dias de investigação dos vereadores e afirmou que o prefeito usou de “coerção” para impedir a decisão dos vereadores.
“Ele (prefeito) pressionou o presidente do partido de um vereador, que tem cargo na prefeitura. Ele não para aqui, vive fora. A cidade está abandonada”, complementou o parlamentar na época.

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