domingo, 13 de fevereiro de 2011

Maioria das vítimas do Aedes é de homens

Nos últimos dois anos, os piores da incidência da doença na última década em MT, 61% dos óbitos foram de homens adultos, seguidos de crianças


Oberdan Lira destaca aspecto cultura masculino de não procurar assistência no começo dos sintomas
DHIEGO MAIA
Da Reportagem

Nos dois últimos anos da década de 2000, a dengue se mostrou mais severa em Mato Grosso e matou mais homens em idade adulta e crianças de zero a 15 anos. Este perfil de vítima deve permanecer inalterado em 2011 e, por isso, já preocupa as autoridades da Saúde. Só neste ano três pessoas já morreram. Os casos ocorreram em Pedra Preta e General Carneiro, o último ainda segue investigado no município de Sorriso.
Dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES) revelam que entre 2009 e 2010 morreram 111 pessoas vítimas da dengue em Mato Grosso. Destas, 68 (61%) eram homens e outras 39 (35%) eram crianças. Mas este número ainda pode aumentar. É que mais 10 casos suspeitos de morte por dengue referentes ao ano passado ainda estão sendo investigados.
Outro dado assustador se refere às pessoas que contraíram a doença, mas após tratamento, conseguiram se curar. Só os casos registrados nos últimos dois anos – 108.432 - superam todas as notificações de uma série histórica da doença compreendida entre os anos de 2000 e 2008, que obteve 103.698 casos durante o período.
Todas as pessoas que morreram nos últimos dois anos não resistiram às complicações da dengue clássica, febre hemorrágica e síndrome de choque. Em 2009, morreram mais pessoas vítimas de febre hemorrágica no Estado, com 40 casos. Ano passado, a situação se inverteu e a dengue clássica alcançou o topo dos óbitos com 30 no total. Isso ocorreu porque durante o período, o sorotipo 2 da dengue migrou de 16 para 29 municípios com poucos registros da doença. Nesses locais, uma dengue clássica já foi suficiente para provocar mortes.
De acordo com o superintendente de Vigilância em Saúde da SES, Oderdan Ferreira Coutinho Lira, a dengue se manifesta de forma silenciosa e com sintomas semelhantes a uma simples gripe, que acabam confundindo quem está sendo acometido pela doença. Automedicação associada à busca de tratamento tardio dá um indicativo da grande quantidade de óbitos entre os homens. “Os homens não procuram tratamento médico. Quando vão ao médico, já estão em estado grave. Por isso, é importante que a população esteja percebendo os sintomas da dengue para, em seguida procurar tratamento”, explica o superintendente.
Dores de cabeça, atrás dos olhos e nas articulações são sintomas clássicos da doença. No momento, as contaminações ocorridas pelo sorotipo 2 ainda levam a pessoa a sentir dores de garganta e no abdômen. O último sintoma, inclusive, dá uma sensação de “empanzinamento”, como se a pessoa tivesse comido mais que devia.
CULPADOS – Uma conjunção de fatores explica a elevada quantidade de mortes. Para Oberdan Lira, o Estado precisa passar por uma “reestruturação completa” para, em seguida, “organizar a vigilância” e “educar a população” em relação aos cuidados preventivos que cada pessoa deve tomar para eliminar os criadouros do mosquito da dengue.
No período não-epidêmico, os casos de dengue devem ser monitorados e mapeados como medidas contra o alastramento da doença. Já no período epidêmico, além do monitoramento dos casos, a prioridade é assistencial.
A rede de atenção básica à saúde como postinhos e os PSFs – Programa de Saúde da Família - precisam se estruturar. Para Lira, são esses locais que devem efetuar o primeiro atendimento à pessoa com suspeita de dengue e não os hospitais já lotados com outros casos. Lira explica que o tratamento à dengue segue um protocolo. Em primeiro lugar, a pessoa com dengue deve perceber os sintomas. Isso demora uns quatro dias. Quando o quadro de saúde piora, o cidadão deve novamente procurar atendimento. “Ele deve estar com o cartão de acompanhamento para no segundo atendimento ganhar preferência na consulta”, define Lira. Internações só devem ocorrer em casos graves. “As unidades de saúde e a população precisam entender esse processo”, salienta.

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