Principal testemunha diz, à Justiça, que foi pressionada pela polícia a confirmar ter reconhecido autor dos disparos
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ALECY ALVES
Da Reportagem
O depoimento da ex-namorada do jornalista Auro Ida, assassinado em julho de 2011, prestado ontem à tarde na 12ª Vara Criminal, põe em dúvida a autoria do crime, uma informação que aparecia certa no inquérito policial e, supostamente, encerava as especulações sobre a motivação e execução do crime.
Bianca Naiara de Souza disse que na delegacia de Homicídios (DHPP) foi pressionada a confirmar, sem que tivesse certeza absoluta, que reconhecia Evair Peres Madeira Arantes, “Baby”, de 19 anos, como o homem que se aproximou do carro e ordenou que ela descesse e posteriormente matou o jornalista a tiros.
Por duas vezes, a pedido da juíza Maria Aparecida Fago, Bianca se aproximou dos acusados Evair Arantes e Alessandro Silva da Paz (Sandro) e os viu através de um vidro especial que os impediam de vê-la. Mesmo assim, reafirmou o que havia declarado no depoimento, ou seja, que permanecia em dúvida.
O promotor de Justiça, Antônio Sérgio Cordeiro Piedade, quis saber se ela estava sofrendo ameaças para mudar depoimento, já que havia apontado Baby como autor também na declaração que deu ao Ministério Público Estadual, no Grupo de Controle Externo da Atividade Policial.
Bianca, por sua vez, disse que não recebeu ameaças e que na DHPP recebeu orientação a fazer o mesmo depoimento no MPE. Agora, porém, não se sentia segura para afirmar que o homem que viu na noite do crime era “Baby”.
Também, diz Naiara, não poderia dizer que não é ele. A exemplo de outras testemunhas, Bianca disse que nos dias seguintes à morte do namorado ouviu no bairro que seria “Baby” o autor do crime.
Bianca também não soube dizer se o ex-marido dela, Rubens Alves de Lima, apontado como mandante, que está foragido, tem participação na morte do jornalista.
Já Michele Costa Campo, amiga da mãe de Bianca, também arrolada como testemunha de acusação, contou em depoimento que ouviu um aviso de Rubens para Auro Ida no dia anterior ao assassinato. Michele disse que estavam ela e a amiga Juliana, com quem Auro Ida tem uma filha, quando Rubens se aproximou e disse: “Jú, avisa o japonês (referindo-se à vítima), que a cabeça dele está à prêmio; todo mundo ta querendo pegar ele”.
Pâmela Cristina Bastos, que namorou Auro Ida por 4 anos e mora no mesmo bairro onde ocorreu o crime, disse que o então namorado vivia reclamando que estava sendo seguido e que tinha inimigos por conta do seu trabalho como jornalista. Certo dia, relata, ele entrou na casa dela dizendo era seguido por carro com um pessoal esquisito.
Alessandro (Sandro) está preso como intermediário do crime, responsável pela contratação de Baby, a pedido de Rubens, por R$ 1,5 mil, para executar o jornalista. Hoje, a justiça continua tomando depoimentos de testemunhas como parte da etapa de instrução do processo.
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