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Da Reportagem
A Justiça autorizou o uso da tropa de choque da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para auxiliar os trabalhos de desintrusão da terra indígena de Marãiwatsédé, em Alto Boa Vista (distante 1.064 quilômetros de Cuiabá). Ao todo, 165 mil hectares foram demarcados como propriedade dos xavantes.
Segundo a assessoria da PRF, está autorizado o uso da força para liberar os bloqueios na BR-158, principal rodovia da região Nordeste do Estado. Ontem, mais uma equipe se deslocou ao local de conflito para evitar que outras cidades tenham o tráfego interrompido.
A principal intervenção ocorre no distrito de Posto da Mata. Desde a chegada das tropas da Força Nacional de Segurança e da Polícia Federal, os produtores trancaram a rodovia numa tentativa de atrapalhar os trabalhos de desintrusão.
Considerada o maior núcleo urbano dentro do território indígena, a localidade tem concentrado a maioria dos não-índios. Segundo a PRF, os posseiros estariam trabalhando na criação de um mártir: uma nova investida para mobilizar entidades políticas ao seu favor.
O produtor rural que tentou desarmar um soldado da Força Nacional no primeiro dia de desintrusão já estaria sendo visto como um herói na comunidade. A iniciativa ocorreu durante a desocupação da primeira propriedade, quando moradores de Posto da Mata entraram em conflito com as tropas. Pelo menos 10 pessoas ficaram feridas.
Nesta quinta-feira (13) a noite, uma nova investida contra a polícia foi registrada. Um grupo de pessoas tentou barrar o comboio da Força Nacional. Eles queriam resgatar os móveis de um morador que havia acabado de ser despejado. Ninguém ficou ferido.
No início da tarde de ontem, os posseiros também queimaram uma bandeira do Brasil durante um ato de repúdio à ultima manifestação do governo Federal. Em audiência com deputados federais e senadores, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, afirmou já ter feito tudo o que estava ao seu alcance e descartou qualquer tipo de intervenção em favor dos produtores.
Fora da área em litígio, no entanto, os protestos começaram a perder força. Conforme a PRF, os bloqueios na BR-158 em Água Boa e Porto Alegre do Norte tiveram fim.
No segundo dia de atuação da força-tarefa, três municípios registraram bloqueios nas estradas: Porto Alegre do Norte, Água Boa e Ribeirão Cascalheira. No decorrer da semana, Nova Xavantina e Barra do Garças também se tornaram alvos.
As intervenções partiram de membros dos sindicatos rurais, que atravessaram máquinas agrícolas e caminhões nas pistas. O Ministério Público Federal (MPF) chegou a pedir uma investigação acerca da participação do vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Marcos da Rosa, nas manifestações.
A suspeita é que ele estaria incitando a população a participar dos protestos numa tentativa de impedir o cumprimento da decisão judicial favorável aos xavantes. Em nota, a Famato negou a intenção.
LOTES - Segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai) 30 lotes já estão disponíveis para assentamento imediato das famílias que tiverem perfil de clientes da reforma agrária.
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