domingo, 15 de julho de 2012

Posseiro de Suiá Missú defende ida de xavantes para parque estadual

Domingo, 08 de Julho de 2012 - 22:15:43 - Autor: Olhar Direto


Fazendeiros da área de litígio de Suiá Missú, demarcada como reserva indígena Maraiwatsede, defendem que tanto índios quanto brancos sairão ganhando caso o cacique Damião Paridzané e os xavantes liderados por ele aceitem a proposta do governo de Mato Grosso de levá-los para o Parque Estadual do Araguaia, evitando-se assim conflitos e o caos social.

“Com a permuta, todo mundo vai sair ganhando. Se fosse para o Estado propor alguma coisa ruim, nem nós estaríamos apoiando”, declarou o presidente da Associação dos Produtores da Gleba Suiá Missú (Aprosum), Renato Teodoro, no último sábado em entrevista exclusiva ao Olhar Direto.

O fazendeiro se refere à proposta, considerada inconstitucional pelo Ministério Público Federal (MPF), de se encerrar o conflito agrário pelas terras de Maraiwatsede (demarcada em 1998 sobre áreas remanescentes da antiga fazenda Suiá Missú) com a transferência dos xavantes do local para o Parque do Araguaia, criado pelo governo do Estado. A lei que autoriza a permuta com a União, aprovada pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso em junho do ano passado, é a de número 9.564

Apoiados pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e pela União, há mais de vinte anos xavantes reivindicam a posse das terras alegando que são de sua tradicional ocupação, tese rechaçada pelos fazendeiros. O embate antropológico teve como conseqüência uma longa queda-de-braço judicial permeada por episódios de violência na região, típicos de conflitos agrários.

Porém, as últimas decisões da Justiça Federal determinam a retirada dos fazendeiros após plano de desintrusão a ser elaborado pela Funai num prazo de dez dias. Fazendeiros chegaram a bloquear por cerca de uma semana a rodovia federal BR-158, que interliga cidades da região, como forma de protesto contra os desdobramentos judiciais mais recentes. Os posseiros, na iminência da retirada, temem o emprego de força policial (a Justiça autorizou o uso da Força Nacional de Segurança e da Polícia Federal para cumprir a decisão) e o caos social resultante do despejo.

Apesar de estarem já buscando alternativas judiciais e administrativas para o conflito, eles e se mostram indignados diante da farta oferta de terras e recursos naturais à disposição dos xavantes no Parque Estadual oferecido pelo governo mato-grossense.

O presidente lembra que a terra oferecida pelo Estado é ainda mais extensa que Maraiwatsede: enquanto a reserva dispõe de aproximadamente 165 mil hectares, o Parque conta com 205 mil, cortados pelos rios Araguaia, das Mortes e Cristalino. Além disso, há nas terras cerca de 190 pequenos lagos, segundo o fazendeiro.
“É riquíssimo em pesca, caça, frutas. Nós levamos os índios lá na época da cheia, em fevereiro, e eles ficaram encantados. Ficamos de retornar com eles em julho para observarem a época da seca. Sem contar que o governador reafirmou na reunião que tivemos que se compromete a construir casas, escola e posto de saúde para eles”, argumentou o presidente. “Assim, as duas partes saem ganhando”.

Caos

Ele prevê que as famílias de produtores hoje assentadas em Maraiwatsede podem ser ver em situação desesperadora e de danos irreparáveis caso a Justiça não reveja a decisão pela retirada de uma verdadeira cidade (Posto da Mata, no meio da reserva). Ali, ele calcula, existem cerca de 600 propriedades rurais, com sete mil pessoas vivendo, trabalhando e produzindo, inclusive assentados da reforma agrária investindo em agricultura familiar. Todos, agora, em risco de cair na miséria.
“Onde é que vão jogar 800 alunos em ano letivo? E as 300 mil cabeças de gado da região? Falta aí um posicionamento claro. Não é com uma canetada que se resolve esse tipo de coisa. Ali há uma sociedade constituída”, defende.

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