sábado, 15 de dezembro de 2012

Incongruente


Autor: Emerson Ribeiro Postagem: Sargento Conceição
Divulgação
 Quanta loa tenho ouvido para Oscar Niemeyer, crítica nenhuma. Como é que pode? Pessoa de comportamento incompatível com sua fala, sua vida. Fustigo-o pela fama exagerada e enviesada. Completaria 105 anos em 15/12/12. Tive oportunidade de conhecê-lo em sua residência monumental, em sua própria rua, a Avenida Niemeyer no Rio de Janeiro. Há ruas, avenidas, pontes com seu nome. Até em Argel, na África, há uma avenida com o nome dele.

O incongruente se professava comunista, mostrando a cabeça encalhada nos anos trinta do século passado. Comunista, aliás, seria até compreensível, pois ele justificava os crimes do maior assassino da história humana, seu querido ídolo Joseph Stalin (Oscar disse em várias entrevistas, ao falar de Stalin, que “tinha gente que era comunista, mas não prestava”). Bem, se a gente também pudesse matar comunista que não presta seria uma beleza, hoje em dia não sobrava um. Mas os comunistas são assim: seus ídolos são ladrões, assassinos, traficantes e até prizidentas terroristas. Zé Dirceu mesmo, recém condenado, acaba de ser recebido no PT agora, na semana passada, como herói. Gente descarada...

Niemeyer sempre que podia citava frases de Lenin para destacá-lo como grande pacifista, justamente o mentor da chacina bárbara da família Romanov como “ato político”. Nem na Rússia, ninguém mais quer saber da estupidez do comunismo. Só mesmo nas periferias do mundo, como Venezuela, Bolívia, Equador, e um outro país aí, um bananão dito florão da América.

Oscar, o arquiteto, dizia que tinha horror da burguesia. Era de fato um homem de modos simples, mas pouca gente neste mundo levou vida tão burguesa como ele. Suas obras não servem para nada, ou melhor, servem: servem para causar surpresa, como se orgulhava ao dizer. Mas só para isso. São os maiores palácios dos países pobres, e mais que isso, imprestáveis... obras exóticas, perdulárias, dezenas e centenas de vezes mais caras do que poderiam ser sem suas afetações faraônicas. Obras que exigiram cálculos quase inverossímeis, métodos diferentes, materiais e ferramentas de único uso, coisas como só a Nasa poderia se dar ao luxo. A famosa e histórica dívida externa gerada no governo Kubistchek tem em Niemeyer um dos seus grandes culpados. Sim, esta seria outra das poucas características comunas do suposto comunista: o esbulho do dinheiro público. A esculhambação com dinheiro de governo tem Brasília até hoje os mais bem acabados exemplos, os edifícios de Niemeyer seus monumentos. Nisso sim, o velho era bem comunista mesmo. Porém o inadmissível não é a extravagância esbanjatória do seu trabalho, mas a inutilidade. Até a limpeza precisa ser feita por empresas especializadas. Suas obras tiveram de sofrer modificações logo que postas em uso: aberturas, passarelas, cortinas, corrimãos... a rampa do palácio por onde desceu seu esquife há poucos dias mostra um corrimão adaptado que só foi colocado depois que muita gente caiu e se espatifou lá embaixo. Oscar negou alguns preceitos capitais da engenharia, como a ergonomia e a usabilidade, além da economia. Suas obras não são para uso, são para serem vistas, fato de que tanto se ufanava. Imagine-se, obra de engenharia para ser vista... Suas marcas são cantos arredondados escuros, obras que requerem caminhadas inúteis, falta de iluminação, de ventilação, desprezo pelo meio ambiente, pela vizinhança, gigantismo, desolação, pés direitos inacreditáveis, o colosso e o desvairio completo. Certa vez, segundo o Jornal do Brasil, dentre os célebres comentários de Le Corbusier sobre Brasília, ele teria dito “é inacreditável uma obra como esta em um país do terceiro mundo”, (frase agora censurada pela imprensa nonsense da bajulação). Oscar Niemeyer não seria sequer conhecido caso lhe tivessem faltado Juscelino Kubistchek, Lucio Costa, e mais que tudo, justamente o capitalismo, que possibilitou o esbanjamento irresponsável e inútil de dinheiro de país pobre. Mal agradecido...
Sempre existiu leve atrito entre arquitetura e engenharia. Qual das duas é subalterna? Qual é especialidade da outra? Engenharia é utilidade com segurança e economia. (Niemeyer parece jamais ter se preocupado com nenhuma dessas coisas). Arquitetura deveria ser a mesma coisa, porém com seus desdobramentos e sua evolução, é muito mais difícil de definir. Seria arte? devaneio? Ciência menor? Eis um bom tema para discussões extracurriculares nas faculdades.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo seu comentário!

  ©PV Campinápolis - Direitos Reservados.

Layout Desenvolvido por Gardenya Barbosa | Subir