quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Moradores fecham rodovia e o clima é tenso na região do Araguaia

Laura Nabuco
Da Reportagem

No último dia de prazo para desocupação voluntária dos 165 mil hectares demarcados como território indígena Maraiwatséde –propriedade dos Xavantes -, produtores rurais da Gleba Suiá Missú voltaram a bloquear a BR-158 na altura do distrito de Posto da Mata.

O objetivo é tentar impedir o acesso das tropas do Exército e Força Nacional que se concentram em Alto Boa Vista (distante 1.064 quilômetros de Cuiabá).

Os responsáveis pela “força-tarefa” de desintrusão se aproximaram do bloqueio anteontem, mas não fizeram nenhum contato com os manifestantes. O monitoramento tem sido principalmente pelo ar, com um helicóptero que às vezes sobrevoa o povoado.

Desde a última segunda-feira (3), caminhões e máquinas que auxiliarão o trabalho de retirada dos resistentes chegam ao município. Até agora, contudo, apenas quem trabalhava como assalariado optou por deixar o distrito. Eles perderam o emprego porque nem o comércio, nem as fazendas têm mantido as atividades.

O ano letivo também terminou mais cedo em Posto da Mata. As três escolas instaladas no distrito anteciparam para ontem as férias dos alunos, que só deveriam ter início no próximo dia 21.

As aulas já vinham sendo interrompidas e retomadas a cada desdobramento das negociações. A última paralisação havia ocorrido no dia 17 do mês passado, quando se iniciaram as notificações das pessoas que residem em Posto da Mata, área considerada a mais urbanizada dentro dos 165 mil hectares, alvo de litígio.

Criadores de gado têm encontrado dificuldade para transferir os rebanhos. Eles não têm para onde levar os animais. Quem tenta vendê-los esbarra em outras dificuldades: o preço e a burocracia.

Os compradores têm oferecido valores abaixo do mercado por conhecer a situação que os fazendeiros enfrentam. Quando o negócio é fechado surge o problema do prazo para emissão da guia de transporte dos bovinos, documento que demora em média 45 dias para ficar pronto.

Como a maioria das propriedades rurais possui pelo menos 200 hectares, a oferta do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para assentamento não atrai. A autarquia disponibilizou 35 hectares por família. Além disso, as lavouras estão recém plantadas ou aguardando o período de colheita.

Apesar da Polícia Federal ter declarado em relatório que o clima é de “resignação” na área, as afirmações no distrito são de resistência. Não se fala abertamente sobre luta armada, mas a possibilidade de uma tragédia também não é descartada.

Segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), existem aproximadamente 450 famílias dentro da reserva. A Associação dos Produtores Rurais da Gleba Suiá Missú (Aprosum), por sua vez, garante que são mais de cinco mil pessoas. na verdade vai prejudicar a vida de muitas familias entre crianças e adultos, e pra onde irão essas pessoas? fica a pergunta.

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