quinta-feira, 22 de maio de 2014

Dupla de índios Xavantes lançam CD na Casa do Parque nesta quinta

Da Redação - Stéfanie Medeiros
Foto: Reprodução/Da Assessoria
Dupla de índios Xavantes lançam CD na Casa do Parque nesta quinta
A Cada do Parque será palco de um evento singular nesta quinta-feira (22): Miguelio Hãwi e Paulo Rãirité, índios da etnia Xavante, autodenominada A’uwé, da aldeia Santa Clara, terra indígena Parabubure, em Campinápolis (MT), lança o CD Tsidupo às 19 horas.

Leia mais: Inscrições abertas para o Festival de Nova Mutum de Música Orquestral; Inscreva-se!

De acordo com a assessoria, o local estará totalmente ambientado para a apresentação da dupla Xavante, o que inclui, além de artesanato e indumentárias indígenas, fotos produzidas e cedidas por Antônio Carlos Banavita. Será uma verdadeira viagem ao rico e exótico universo musical indígena, que começa a sair do anonimato para surpreender e encantar os apaixonados pela diversidade cultural que moram na cidade.

A idealizadora da Casa do Parque e produtora de Tsidupo, Flávia Salem, confessa seu encantamento pelo material e o prazer de lançar a dupla no espaço cultura mais eclético de Cuiabá. “A Casa do Parque se transformará num mágico espaço Xavante por um noite... Tenho certeza que a plateia se sentirá privilegiada em assistir a apresentação ao vivo de Miguélio e Paulo como eu me senti ao transformar as lindas canções que conheci através da Anna Ribeiro e do Xisto neste CD que será lançado. É uma oportunidade ímpar conhecer a meiguice que existe ao lado do instinto guerreiro dos Xavantes. Estou muito feliz em participar deste projeto”, observa.

Tão satisfeito está o produtor rural José Pupin, patrocinador oficial do CD. "Investir num trabalho tão delicado e inédito como este é ter a consciência da importância da imortalização da nossa cultura, de nossas raízes. O grupo Pupin sempre cumpriu com sua parcela de responsabilidade social por meio do Instituto Antônio Pupin e contribuir com os irmãos indígenas só vem a enriquecer nossa história", afirma José Pupin.

Instrumentos na música Xavante

Em 2008, ano de nascimento da dupla, Miguelio iniciou seus estudos musicais em Rondonópolis, momento em que reconheceu sua paixão pelo violão, adquirido em Barra do Garças com recursos próprios. É Miguelio quem declara: “amei o violão”. O sopro e a percussão produzidos por Paulo Rãirité unem-se à vibração das cordas do violão de Miguelio Hãwi e suas vozes nos conduzem a uma atmosfera de encantamento.

O tsidupo, instrumento musical de sopro formado por dois tubos que se unem por um cordel de algodão, detalha Anna Maria Ribeiro da Costa, traz na sequência ligeira das notas musicais a lembrança do canto do inhambu. Sua melodia encanta as máscaras usadas no ritual de preparação masculina, nas sessões de cura, na confecção de flechas e também nas expedições de caça e coleta nos locais onde há taquaras em abundância, matéria-prima destinada à sua confecção.

O dzo, instrumento musical de percussão, é considerado pela sociedade Xavante como um importante símbolo de posição social. Pertencente aos homens de idade avançada, ao ser entoado exige o respeito dos ouvintes. Cabaça e haste de madeira são unidas por um preparado de base vegetal com propriedades mágicas. Acreditam os índios que seu dono está protegido de doenças. Mas, o dzo precisa das vozes masculinas para existir. É avistado principalmente nos rituais do Way’á, de nominação das mulheres e da corrida de toras de buriti.



Flauta e chocalho acompanham o violão de Miguelio que empresta ao som do cerrado e das matas os acordes do mundo urbano. A dupla Tsidupo, de Miguelio e Paulo, apropria-se de maneira singular dos conhecimentos milenares de seu povo e daqueles apreendidos com gentes das cidades para compor as letras de suas músicas. Paixões, amores proibidos, desamores, a jovialidade e a beleza femininas, a enfermidade, a saudade de quem partiu e as influências citadinas são fontes de inspiração para suas composições musicais. Aldeia e cidade unem-se em nome da sensibilidade musical dos músicos.

Se a presença feminina na confecção da flauta tsidupo se apresenta na sutileza da fiação de suas cordas de algodão tingidas de vermelho urucum, é pela dupla Miguelio e Paulo que o público começa a conhecer os segredos milenares do povo Xavante, fortalecendo o diálogo entre almas tão diferentes, mas que dão sentido a este Brasil multicultural.

Serviço

Laçamento do CD de Miguelio Hãwi e Paulo Rãirité
Local: A Casa do Parque
Data: quinta-feira (22)
Horário: 19h
Entrada franca
Endereço: A Casa do Parque está localizada na Rua Marechal Severiano de Queiroz, nº 455, bairro Duque de Caxias, Cuiabá-MT, próximo à entrada dos fundos do Parque Mãe Bonifácia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo seu comentário!

  ©PV Campinápolis - Direitos Reservados.

Layout Desenvolvido por Gardenya Barbosa | Subir